Os brasileiros estão mais endividados. Dados do Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, promovido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelaram, em agosto deste ano, que a grande maioria dos consumidores negativados já havia figurado nas listas de inadimplentes nos últimos 12 meses. Do total de negativações, 83,95% são de devedores reincidentes. Renan Diego, consultor financeiro, o cenário desafiador para os consumidores ocorre por conta da dificuldade em manter um planejamento financeiro consistente.
“A organização financeira é algo ainda muito precário entre os brasileiros, o que faz com que tenham uma dificuldade maior em conciliar as despesas fixas, como aluguel, contas de água e luz, além dos gastos extras, como roupas, eletrônicos e até mesmo momentos de lazer. É importante ressaltar que esse cenário se intensifica não só por conta da falta de conhecimento em educação financeira, mas também com a falta de compreensão sobre como ela influencia no endividamento”, explica Renan.
De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, levando em consideração do núcleo de devedores reincidentes, 62,63%, ainda não havia quitado as pendências antigas e foi negativada novamente. Outros 21,32% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, mas acabam retornando. Apenas 16,05% dos negativados em agosto não estiveram com restrições no CPF ao longo do último ano.
“Há várias formas de manter um planejamento financeiro eficaz e que evite o retorno frequente à negativação. Uma das principais estratégias é evitar assumir novas dívidas, especialmente se já existem parcelas que comprometem uma grande parte da renda. Outro passo essencial é fazer o corte de gastos desnecessários do orçamento mensal. Para conseguir fazer essa avaliação, é preciso fazer uma revisão minuciosa de todas as despesas, já que em momentos de crise, o ideal é direcionar o dinheiro para o que realmente é essencial”, aconselha o consultor.
Entre as despesas desnecessárias mais comuns entre os brasileiros, segundo Renan, estão as assinaturas de streamings e aplicativos pouco utilizados pelos membros da família. Isso porque muitas das plataformas funcionam com cobranças automáticas, e por serem pouco usados no dia a dia, os brasileiros acabam esquecendo de cancelar as assinaturas.
Outro dado de atenção apontado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas é o tempo médio decorrido entre o vencimento de uma dívida e o vencimento das demais pendências para os reincidentes. Em agosto, esse período foi de 75,6 dias. Isso significa que, em média, após cerca de 2,5 meses do vencimento de uma dívida negativada, outra dívida já está vencendo. Para Renan, essa é uma consequência da alta da taxa básica de juros, que não só diminui o poder de compra, como também aumenta o risco de inadimplência entre os brasileiros.
“A negativação se torna mais suscetível para os brasileiros que não se planejam financeiramente, já que a renda não acompanha o aumento do custo de vida e dos produtos. Ou seja, é fundamental colocar no papel tudo que se recebe, além dos gastos mensais habituais. Dessa forma, é possível saber o custo de vida atual e qual valor necessário para a família manter as necessidades básicas”, Renan explica.
Reiterando Renan, último o levantamento também feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, referente ao mês de agosto, apontou que 71,78 milhões de brasileiros se encontram com o nome negativado. Com isso, atualmente, a inadimplência no país atinge cerca de 43,13% da população adulta.
Já na sequência, Renan recomenda priorizar as dívidas de financiamentos, como os de imóveis ou veículos. Ele explica que a falta do pagamento pode resultar na retomada dos bens através das instituições financeiras. Por fim, devem ser tratadas as dívidas com os juros mais altos, como cartão de crédito e financiamentos em lojas.
Sobre Renan Diego:
Especialista em finanças pessoais e investimento, Renan Diego é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e atua há 10 anos como consultor financeiro. À frente da edtech Produtividade Financeira, que conta com um ecossistema de educação financeira, investimentos e qualidade de vida, o carioca já educou mais de 9 mil brasileiros que querem administrar melhor o próprio dinheiro e investir do zero sem abrir mão da qualidade de vida. O profissional também conta com MBA em Value Investing e certificação CEA. Hoje, com mais de 500 mil seguidores no Instagram (@renandiegooficial), o especialista compartilha na sua página oficial conteúdos sobre como poupar, administrar e investir melhor o dinheiro com qualidade de vida.