Uma assistente de enfermagem da clínica disse à imprensa local que o estado do senador era extremamente delicado no momento da sua admissão: “Ele estava inconsciente. O seu estado era crítico”, revelou, acrescentando que passaram “45 minutos a reanimá-lo”.
Horas mais tarde, e devido à gravidade dos ferimentos, o senador foi transferido de ambulância para a Fundação Santa Fé, um hospital privado e uma das instituições médicas mais conceituadas do país, localizado no norte da capital colombiana, onde o senador foi submetido a uma cirurgia.
Por volta das 2h45 da madrugada (4h45 de domingo em Brasília), o deputado Christian Garcés, membro do partido ‘uribista’ Centro Democrático (CD), o mesmo do político atacado, revelou que o senador continua em estado crítico após a cirurgia.
“Recebemos a informação de María Claudia Tarazona, mulher de Miguel Uribe: ‘Miguel saiu da cirurgia, conseguiu’. Agora, é necessário um grande esforço na sua recuperação”, escreveu na rede social X o deputado Christian Garcés. Líderes dentro e fora da Colômbia condenam “categórica e energicamente o ataque”
O governo do presidente de esquerda, Gustavo Petro, “denunciou categórica e energicamente o ataque” ao senador conservador.
Petro cancelou uma viagem que previa fazer na noite de sábado a Nice (França) para participar do Congresso dos Oceanos da ONU, alegando a necessidade de permanecer no país para “dar prioridade a todas as ações institucionais necessárias para garantir a segurança, esclarecer os fatos e reforçar a confiança no Estado de direito”, segundo um comunicado do Governo.
Já o ministro da Defesa colombiano, Pedro Sanchez, condenou o atentado e anunciou na rede social X que as autoridades oferecem uma recompensa até 3 milhões de pesos por qualquer informação que leve à captura dos responsáveis.
“Espero sinceramente que ele esteja bem e fora de perigo”, escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros, Laura Sarabia, na rede social X.
A tentativa de homicídio de Uribe Turbai foi também condenada por várias praças diplomáticas, começando por Washington, onde secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, atribuiu a sua responsabilidade à “violenta retórica de esquerda” que “emana dos mais altos níveis do governo colombiano”.
Richard Grenell, enviado especial de Donald Trump para missões especiais, também classificou o ataque contra o “candidato conservador à presidência da Colômbia” como um “Horror”, numa mensagem divulgada no X.
Às acusações da administração Trump juntaram-se as de congressistas da Florida, como o senador Rick Scott, que apelou a Petro para que faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir a segurança de todos os cidadãos, referindo-se ainda às “constantes” ameaças de morte recebidas pelo ex-presidente [Álvaro] Uribe, que “nunca” deveriam ser toleradas.
Por sua vez, a representante da Câmara da Florida, María Elvira Salazar, uma conhecida crítica de Petro, manifestou-se “horrorizada” com o ataque contra o senador conservador colombiano, também na rede social X.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou através da rede social X que em democracia a violência “não tem lugar nem justificação”, manifestando a sua “condenação absoluta do ataque contra Miguel Uribe Turbai”.
Enquanto os ministérios dos Negócios Estrangeiros (MNE) mexicano e peruano condenaram “energicamente” o atentado, com o primeiro a sublinhar que “a violência política é inadmissível” numa decmocracia e o segundo a manifestar “o mais firme repúdio por qualquer ato de violência que ponha em causa a vida ou prejudique a paz social e o bem-estar dos nossos povos”.
De igual modo, o presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou ter recebido a notícia “com profundo pesar”, acrescentando a condenação de “todas as formas de violência e intolerância”. “Não estão sozinhos”, acrescentou o chefe de Estado no antigo Twitter.
O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia e a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA) condenaram o atentado e pediram garantias para as eleições de 2026.
“Condenamos o atentado contra o senador e pré-candidato do Centro Democrático Miguel Uribe Turbay. Exortamos as autoridades a investigar, processar e punir os responsáveis. Apelamos à garantia dos direitos políticos e ao debate político sem violência. Expressamos a nossa solidariedade para com o pré-candidato e a sua família”, afirmou o gabinete da ONU na rede social X.
Quem é Miguel Uribe Turbay?
Miguel Uribe pertence ao partido Centro Democrático, cujo líder é o influente ex-presidente Álvaro Uribe, que governou a Colômbia entre 2002 e 2018. No entanto, não há qualquer relação de parentesco entre os dois, mas muita afinidade.
O senador conservador, um dos principais pré-candidatos às eleições presidenciais no próximo ano pela direita conservadora, anunciou em outubro de 2024 que aspirava suceder a Petro, de quem é um forte crítico, em 2026.
Aos 39 anos, com uma educação de elite e um sobrenome que evoca tanto o poder político como as feridas do conflito colombiano, Uribe Turbay vinha a emergir como o rosto da renovação geracional do Uribismo.
Licenciado em direito pela Universidad de los Andes, com mestrados em Políticas Públicas pela mesma instituição e em Administração Pública pela Universidade de Harvard, Uribe Turbay combina o legado da família com uma carreira política própria.
É filho do ex-conselheiro conservador Miguel Uribe Londoño e da jornalista Diana Turbay, assassinada em 1991 durante uma operação de resgate fracassada quando estava sequestrada pelo cartel de Medellín.
É também neto do ex-Presidente Julio César Turbay Ayala, que governou a Colômbia de 1978 a 1982.